Urbano Ornamento: um inventário de grades ornamentais em Belo Horizonte (e outras belezas)

O processo de tombamento é uma maneira de preservar por meio da legislação bens de valores histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e afetivo. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é o órgão federal que cuida da preservação de monumentos históricos e patrimônios culturais do país. Porém, garantir a memória de um tipo de arquitetura pela qual muitos guardam afeto, às vezes, é, em certo sentido, marginal aos interesses de preservação do Estado e de empresas. 

Algumas grades instaladas em casas, que em sua grande maioria não são tombadas, têm sido destruídas em consequência do acelerado processo de verticalização da cidade. As casas antigas, ao serem demolidas para ceder espaço a prédios novos, têm suas grades descartadas, tendo como um dos destinos os ferros-velhos, que as tem vendido para a confecção de peças para mobiliário ou portões de casas situadas em condomínios fechados e afastados da cidade.

Tendo como norte a presença do ornamento no espaço urbano, a pesquisa da professora Fernanda Goulart, do Departamento de Desenho da Escola de Belas Artes da UFMG, cujo título é “Urbano ornamento: um inventário de grades ornamentadas artesanais em Belo Horizonte (e outras belezas)”, pretende lançar um olhar interdisciplinar para esses bens arquitetônicos. Fernanda Goulart fotografa as fachadas e grades de casas situadas em bairros mais antigos da cidade. Após essa documentação, a fotografia é transformada em outro tipo de arquivo, que são desenhos vetoriais de gráficos, disponibilizados em formato aberto, o que proporciona amplo acesso para, por exemplo, serem utilizados em aulas de desenho, como molde para artes gráficas, ou até mesmo para serem fonte de inspiração para novas fachadas.

O objetivo principal da pesquisa foi conceber um inventário (registro) que se prestasse a uma memória patrimonial e uma recordação mais livre, que são os desenhos gráficos, nos quais todos possuam acesso para outras criações. A pesquisa, no entanto, não se limitou ao inventário, sendo o trabalho de campo provocador de reflexões sobre o contexto histórico, a evolução técnica e estilística da arquitetura. Pode-se, assim, comparar a arquitetura remota com aquela que se tem hoje.

Links com informações correlatas:

Site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan: http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=11175&retorno=paginaIphan