A prática artística com o sujeito psicótico sempre coloca em questão todo saber adquirido, formal ou informal. A criação desafia práticas e modos de interpretação da loucura e da sanidade, projetando o possível e o impossível, o saber e o não saber. A oficina a ser ofertada convida ao contato e diálogo com estes limites, permitindo o tensionamento com as possibilidades do delírio nos limites cênicos do teatro. A condução desta experiência ficará a cargo de um experiente grupo de artistas, os “Sapos e Afogados”, em sintonia com a universidade. Trata-se de oferecer um lugar e a devida visibilidade aos delírios, metaforizando-os, transformando-os em objeto artístico do coletivo, acompanhado de outras temáticas. A máxima trazida pelo ator Edmundo Veloso Caetano, “Se delirar… Delirou!”, nos instiga a arriscar nosso ponto de vista diante da loucura e ir adiante na poesia de Manoel de Barros. A oficina visa mostrar ao público participante como se dá, na prática, esse modo de criar. Para isso, convidamos todos a jogar cenicamente com os delírios, fantasias e devaneios pessoais. E para acompanhar esse delírio escolhemos como temática “O livro das ignorãnças”, de Manoel de Barros. Buscamos, na essência do livro, uma ideia que se acorda com o fazer artístico do Núcleo, a de “desacostumar a palavra” oferecendo-lhe novas significações. Neste contexto de oficina, o nosso desafio é que os próprios atores conduzam ou dirijam o processo de criação dos participantes, porém, sendo assessorados sempre que necessário.
Professores
Grupo Sapos e Afogados - Juliana Saúde Barreto (BH) - formou-se como atriz profissional no Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado (CEFAR). Como arte-educadora integrou o Núcleo Pedagógico do Galpão Cine Horto (NUP), desenvolveu oficinas e dirigiu o Centro Lúdico de Interação e Cultura (CLIC), além da atuação no Programa Miguilim, da Prefeitura de Belo Horizonte. Desenvolveu diversos projetos em escolas até sua graduação como pedagoga e atualmente coordena a escola de teatro da Fundação Clóvis Salgado - CEFAR. Há 9 anos dirige o Núcleo de Criação e Pesquisa Sapos e Afogados, com atores usuários de saúde mental, desenvolvendo trabalhos nas áreas teatral e audiovisual.
Maria Stella Brandão Goulart (UFMG) - psicóloga social e professora do Departamento de Psicologia da UFMG, com mestrado em Sociologia e doutorado em Ciências Humanas - sociologia e política. Pesquisadora da temática da história e atualidade das práticas e políticas de saúde mental do Brasil e da Itália. É coordenadora do grupo de pesquisa Psicologia Democrática do CNPq e desenvolve atualmente um projeto intitulado “Arte e Loucura”, onde investiga iniciativas de construção de cultura antimanicomial.
Assistente de direção – Renata Correa; Produtora – Valentina Vandeveld; Oficeiros: Edmundo Veloso Caetano, Ellon Rabin, Rogério Gomes, Silva Maria e Viviane Ferreira; Monitor de dramaturgia – Júnia Resende; Suporte logístico e registros – Leandro Fiúza
Público-alvo: estudantes e professores de cursos superiores e profissionais de saúde mental (psicologia, psiquiatria, terapia ocupacional, enfermagem, assistência social, fisioterapia) que desejem “experimentar” o teatro e conviver com a forma de criar do portador de sofrimento mental.
Vagas: 35
Carga horária: 22 horas
Período: 18 a 21 de fevereiro
Horário: 13h às 18h30
Local de realização: Faculdade de Ciências Econômicas (FACE)
Material do aluno: roupas leves, que permitam mobilidade.
Site desenvolvido pelo Núcleo Web do Cedecom/UFMG